Cambirela visto da BR |
O Cambirela ou “ montanha próxima do mar” que é o significado
do seu nome, estava nos meus planos desde o tempo em que fazia a Pedra Branca ,
um morro ali perto com metade da altura
e muito apreciado por escaladores e excursionistas locais. Juntamente com Pico
do Tabuleiro e a Pedra Branca forma os 3 grandes da região .
Já tinha ouvido vários relatos de gente que se perdeu, se
machucou, foi resgatada do cume , outros tantos que juraram nunca mais
voltar..e outros que relatavam o incrível visual conquistado após a jornada de
4 a 6 horas de subida, dependendo da trilha...essa montanha sempre meteu tanto
medo quanto vontade de enfrenta-la.
Situada no município de Palhoça na grande
Florianópolis, com 1.070 mt de altitude
, sua base está a nível do mar ..o que significa que em tamanho é
similar a um PP da Serra do Ibitiraquire. É uma montanha composta por
granito e basalto, comumente encontrados em regiões fronteiriças entre a Serra
do Mar e a Serra Geral com formações geológicas diferenciadas, de vegetação
remanescente da Mata Atlântica até cerca de 800 m de altitude - após,
encontra-se basicamente gramíneas e pouca vegetação de altitude. Fica às
margens da BR 101 e impressiona pelo formato piramidal onde se avista um cume
bastante estreito, aliás um não, o Cambirela tem dois cumes falsos antes do
verdadeiro cume.
As três trilhas são bem conhecidas , duas pela face norte e
uma pela face leste da montanha mais alta do Parque Estadual Pico do Tabuleiro.
Também são diferenciadas pelo nível de dificuldade. As 2 trilhas do norte são : a das cordas , considerada
a mais difícil ,e a trilha que passa no fundo de um vale e bastante
escorregadia e enlameada, considerada a
mais fácil. A da face leste é considerada difícil porém por não exigir escalada tão exposta e
vertical quanto a da face norte é considerada um pouco melhor(nível médio) .
Na primeira vez que resolvi fazer o bate- volta no Cambirela
fui sem conhecer nada.
Davi no ataque final |
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Diana ,na subida rumo ao cume |
Acabamos achando a da face leste, que entra pela BR e logo se bota pé na trilha propriamente dita
que leva ao cume da montanha. Levamos cerca de 3 horas pra subir e 2 pra
descer , é preciso fôlego pois a trilha é bem cansativa mas bem estimulante com
todas as variáveis possíveis pra diversão de um montanhista animado:
escalaminhadas verticais, cachoeiras , rochas , raízes e na investida final é
bom ter “unha” pra se agarrar num trecho bem pedregoso e com pouco lugar pra se
segurar onde se olhar pra baixo é vertigem na certa, como sempre na hora do
aperto e medo de altura eu jurei que não
me arriscaria mais assim,
mas.................
Eu, admirando o contorno do litoral |
Meses depois lá estava eu de novo, pra mais um bate volta –treino no majestoso Cambirela , queríamos conhecer a trilha mais difícil e temida : a
das cordas he he he...
Realmente é a mais difícil! Muito semelhante a da face leste
no início porém lá pelo meio da montanha , tendo já vencido 600 mts de altura,
se encontra uma série de lances em rocha exposta, onde o aclive vai aumentando, sendo necessário usar a aderencia da rocha e alguns apoios com as mãos pois é o primeiro lance realmente difícil e sem corda , se olhar pra trás enxerga a BR e os carros
passando do tamanho de um grão de feijão...arghhhhhhhhh, pensei que não conseguiria
mas vendo minha dificuldade o meu parceiro me ofereceu a alça da mochila dele
pra me dar um conforto psicológico na ultima investida pra sair daquele
perrengue nas alturas...mas o pior mesmo vem depois uma rocha totalmente vertical de cerca de 8 mts onde o único que se tem é uma corda (meio gasta) pra
escalar e algumas agarras naturais de apoio , embora contrariada e meio com vontade de dar meia volta ,
acabei me acalmando e venci os 8 mts segurando a corda de uma
vez só.
E de-lhe subida mais íngreme mas sem tanto risco, cume
falso, outro cume falso e finalmente o cume verdadeiro...ahhhhhh que alívio. A
vista de Floripa é fantástica, se ve o contorno da ilha e do continente
perfeitamente e ao norte o que seria o próximo objetivo : O Pico do Tabuleiro,
que serra magnífica, que silhueta...imperdível e vale muito mesmo um
perrenguezinho básico pra chegar alí.
Cume falso Cambirela |
Eu , já na descida |
A descida foi pela conhecida face leste, a outra de nível
difícil mas que pra mim pareceu fácil depois das cordas rsrsrs
Me resta conhecer a tal trilha fácil, ainda não retornei lá,
mas já tenho saudades do meu gigante à beira mar, o grande Cambirela, montanha
de respeito e muito querida aqui do ladinho de casa... a 15 minutos da ilha da
magia...